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Facções de 4 países disputam território da Amazônia Legal

Essas facções estrangeiras estão no Acre, Amazônia, Maranhão e Roraima, indica o levantamento

Foto: Reprodução

Integrantes de ao menos dez facções de quatro países vizinhos cruzaram a fronteira para travar disputas por território na Amazônia Legal, indica o estudo Cartografia da Violência na Amazônia, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo UOL, essas facções estrangeiras estão no Acre, Amazônia, Maranhão e Roraima, indica o levantamento. Os grupos venezuelanos, por exemplo, disputam território com facções brasileiras em Boa Vista, com população de mais de 410 mil moradores.

O estudo aponta que há quatro grupos de ex-guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) concentrados no Amazonas. Eles estão na mira das autoridades colombianas, brasileiras e norte-americanas por suspeita de dominar uma rota pelo rio para negociar com PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), as duas principais facções brasileiras.

Mensagem vazada aponta que o CV tem a função de “recuperar rotas no Amazonas”. São e-mails do Ministério Público da Colômbia, que indicam que os grupos estrangeiros cruzam a fronteira de barco pelo rio Vaupés e seguem pelo Rio Negro, no Amazonas.

Já o PCC é citado como aliado de narcotraficantes no sul da Colômbia e disputa território com o CV, cita o documento.

Esses dados fazem parte do “Narco Files: a nova ordem do crime”, investigação jornalística transfronteiriça da qual o UOL fez parte. O projeto foi liderado pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) em parceria com o Centro Latinoamericano de Investigación Periodística (CLIP).

O estudo mostra que organizações criminosas venezuelanas atuam, principalmente, em cidades de Roraima. Com presença hegemônica do PCC, o estado tem importância estratégica para o tráfico de drogas por fazer fronteira com a Venezuela e estar próximo da Colômbia.

Pacaraima (norte de RR, na fronteira com a Venezuela) é disputada por PCC, CV e pelo grupo venezuelano Trem de Aragua, segundo o relatório do Fórum. Conforme investigações do promotor de Justiça Felipe Hellu Macedo, outro grupo internacional atua no território, o Sindicato do Crime.

A facção venezuelana Sindicato do Crime tem presença nas dinâmicas criminais da cidade, apesar de não aparecer no levantamento do Fórum. Segundo o promotor, uma investigação prendeu cinco líderes da facção venezuelana em 2019. As sentenças foram proferidas em 2022. “Nesse processo não havia nenhum brasileiro envolvido”, informou.

Há elementos que sugerem ligação do Sindicato do Crime com o PCC, apesar de não haver registros oficiais nas investigações. Isso porque a presença hegemônica da facção paulista no estado e a ausência de registros de mortes violentas indicariam a inexistência de uma disputa acirrada entre as facções.

As facções venezuelanas Trem de Aragua, Trem de Guayana e Sindicato do Crime estão presentes em Boa Vista. A informação consta no estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O Clã-Chuquizuta atua em Tabatinga (AM), na fronteira com o país vizinho. O grupo é oriundo de Santa Rosa de Yavari (Peru), na zona da tríplice fronteira. O Comando de Las Fronteras, outra facção peruana, está presente na Colômbia e em Loreto (MA).

A facção Los Quispe-Palamino está na fronteira entre o Peru e o Acre. Também foram identificados grupos próximos aos rios Negro e Solimões, uma das principais rotas usadas pelo tráfico.

Aline Coelho

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