O presidente também defendeu a investigação sobre financiadores dos acampamentos golpistas em frente a quarteis do Exército, após as eleições de 2022
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quinta-feira, 8, que a tentativa de golpe de aliados de Jair Bolsonaro insatisfeitos com a derrota nas eleições de 2022 é um “dado concreto” – e não teria acontecido sem o ex-presidente.
Segundo o G1, Lula deu as declarações horas após a Polícia Federal deflagrar uma operação contra Bolsonaro, ex-ministros e ex-assessores investigados por tentar dar um golpe de Estado e invalidar as eleições presidenciais vencidas por Lula.
“Eu, sinceramente, não tenho muitas condições de falar sobre uma ação da Polícia Federal porque isso é uma coisa sigilosa, é uma coisa da polícia, uma coisa da Justiça. E não cabe ao presidente da República ficar dando palpite numa atuação dessa”, disse Lula.
“Obviamente que tem muita gente envolvida, eu acho que tem muita gente que vai ser investigada, porque o dado concreto é que houve uma tentativa de golpe, houve uma política de desrespeito à democracia, houve uma tentativa de destruir uma coisa que construímos há tantos anos, que é o processo democrático, e essa gente tem que ser investigada”, continuou.
Perguntado se a investigação levaria à participação de Bolsonaro nessa suposta tentativa de golpe, Lula evitou ser taxativo, mas disse acreditar no envolvimento do ex-presidente.
”Eu não sei, eu acho que não teria acontecido sem ele. O comportamento dele foi muito diferente. Primeiro, antes das eleições, ele passou o tempo inteiro mentindo sobre as eleições, mentindo sobre as urnas, criando uma suspeição sobre a urna que foi responsável pela eleição dele em 2018.”
“O cidadão que estava no governo, não estava preparado para ganhar, não estava preparado para perder, não estava preparado para sair. Tanto é que não teve nem coragem de me passar a faixa, ficou chorando e foi embora para os EUA porque ele deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe. Então, vamos esperar as investigações”, disse.
O presidente também defendeu a investigação sobre financiadores dos acampamentos golpistas em frente a quarteis do Exército, após as eleições de 2022.
“Nós queremos saber quem é que financiou, queremos saber quem é que pagou, quem é que financiava aqueles acampamentos, sabe, para que a gente nunca mais permita que aconteça o ato que aconteceu no dia 8 de janeiro”, prosseguiu o presidente.
Lula repetiu, na entrevista a uma rádio mineira, a ressalva que tem feito sempre que é questionado sobre os inquéritos de Bolsonaro: que defende a presunção de inocência. Lula costuma dizer que não teve direito a essa presunção de inocência quando foi alvo da operação Lava Jato, na década passada.