Segundo as legendas, Moro exatropolou o teto de gastos eleitorais e acabou tendo vantagem na disputa ao Senado justamente por causa da visibilidade e do investimento que recebeu na pré-campanha à Presidência
Começam a ser julgadas nesta segunda-feira, 1°, no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná), duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que, em processo que foi unificado, apontam suposto abuso de poder econômico por parte do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) na campanha eleitoral de 2022. O TRE-PR decidiu unificar o julgamento porque os dois processos têm o mesmo objeto. Mas há um detalhe curioso: uma das ações foi movida pela Federação Brasil da Esperança, que reúne o PT de Lula, o PCdoB e o PV; a outra é de autoria do PL, partido que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a Gazeta do Povo, o argumento dos partidos contra Moro tem base na pré-campanha de 2022. Na época, o ex-juiz figurou como pré-candidato do Podemos à Presidência. Depois, em março de 2022, acabou trocando de partido – foi do Podemos ao União Brasil – e desistiu da candidatura a presidente, optando por concorrer a uma vaga no Senado pelo Paraná.
Segundo as legendas, Moro exatropolou o teto de gastos eleitorais e acabou tendo vantagem na disputa ao Senado justamente por causa da visibilidade e do investimento que recebeu na pré-campanha à Presidência. O ex-juiz foi eleito senador com 1,9 milhão de votos.
A antipatia do PT por Moro é conhecida e de longa data: foi o ex-juiz quem condenou Lula em um processo fruto da operação Lava Jato. A sentença foi proferida em 2017, e dizia respeito à compra e reforma de um apartamento triplex no Guarujá (SP). Segundo a acusação, o imóvel seria fruto de propina. Lula foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O petista foi preso em 2018, depois que a decisão de Moro foi ratificada em segunda instância. Com isso, Lula não concorreu nas eleições daquele ano, quando Jair Bolsonaro acabou vencendo a disputa pela Presidência.
Hoje presidente, Lula ficou um ano e sete meses preso em Curitiba até que uma decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou as condenações. O ministro entendeu que a Justiça Federal do Paraná não tinha competência para julgar a ação do triplex e mais três processos.