Rodríguez comparou o processo eleitoral na Venezuela com o sistema eleitoral no Brasil
Em um cenário político conturbado, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela confirmou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais realizadas em 28 de julho. A decisão, anunciada nesta quinta, 22, gerou novas controvérsias e debates sobre a integridade do processo eleitoral.
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e figura proeminente do governo chavista, aproveitou a ocasião para criticar o assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim. Em uma sessão do Parlamento, Rodríguez comparou o processo eleitoral na Venezuela com o sistema eleitoral no Brasil, ressaltando que o TSJ teve uma atuação semelhante à do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil em 2022.
“É importante dizer que a sentença do TSJ não é apenas na Venezuela onde está a jurisdição superior da sala eleitoral, mas também no Brasil – ouviu, senhor Celso Amorim? – no México, nos Estados Unidos e no mundo inteiro. Há uma jurisdição superior”, afirmou Rodríguez.
Amorim, que foi enviado pelo governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva para observar as eleições venezuelanas, sugeriu a realização de um novo pleito em uma entrevista à CNN. Ele questionou: “Se ambos os lados dizem que venceram, por que não realizar outra eleição em que se possam evitar os problemas que, dizem, contaminaram essa eleição? Se ela ganhou, provavelmente ganhará de novo, não?”. No entanto, essa proposta foi prontamente rejeitada por Maduro.
O TSJ defendeu a legitimidade da vitória de Maduro, afirmando que os registros das máquinas de votação coincidem perfeitamente com os bancos de dados, embora tenha decidido não divulgar as atas eleitorais. A decisão gerou uma forte reação de Edmundo González, líder da oposição, que contestou o resultado com base em uma contagem paralela que indicaria sua própria vitória.
A eleição presidencial foi amplamente criticada por observadores internacionais. O Centro Carter apontou que o pleito não atendeu aos padrões de integridade eleitoral, evidenciando um “claro viés” a favor de Maduro. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e uma missão do Conselho de Direitos Humanos da ONU expressaram preocupação com a falta de independência das instituições venezuelanas. A OEA, inclusive, não reconheceu o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pediu a publicação das atas eleitorais.
Além disso, a decisão do TSJ também implicou sanções contra Edmundo González por suposto desacato à Justiça, exacerbando ainda mais as tensões políticas no país.