Apesar de seu reconhecimento tardio, a posição de Boulos contrasta com declarações anteriores
Em entrevista à TV Globo, o candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), finalmente admitiu que a Venezuela é uma ditadura. “Um regime que persegue opositor, que faz eleição sem transparência, para mim não é democrático, e ponto”, declarou. Questionado diretamente pelo apresentador Alan Severiano se o país governado por Nicolás Maduro era uma ditadura, Boulos respondeu: “Lógico, é um regime ditatorial.”
Durante sua campanha, Boulos vinha evitando classificar o regime de Maduro como ditatorial. Em um debate anterior, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) chegou a ironizar, sugerindo que o candidato do PSOL deveria ser “prefeito em Caracas” por sua postura leniente em relação ao governo venezuelano.
Apesar de seu reconhecimento tardio, a posição de Boulos contrasta com declarações anteriores. Em 2018, durante sua candidatura presidencial, ele afirmou que a Venezuela não era uma ditadura. Já em uma sabatina recente, Boulos havia criticado a falta de transparência nas eleições venezuelanas, mas ainda evitava o uso dos termos “ditadura” ou “regime ditatorial”.
Enquanto Boulos ajusta sua retórica sobre o regime de Maduro, seu principal aliado, o presidente Lula (PT), tem evitado o tema. Lula, que apoia Boulos na corrida pela prefeitura, não mencionou a Venezuela durante seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, ao contrário de outros líderes da região, como Gabriel Boric, do Chile, e Javier Milei, da Argentina, que condenaram publicamente a ditadura venezuelana.