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Alexandre de Moares contradiz o próprio entendimento e diz que STF pode analisar indulto presidencial

As alegações do ministro colocam em questão afirmações feitas, noutras ocasiões, pelo próprio Alexandre de Moraes e reforçadas por Luís Roberto Barroso, acerca do mesmo dispositivo reservado ao chefe do poder executivo.


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a Corte pode analisar se o indulto presidencial concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) está de acordo com a Constituição. O documento foi emitido nesta terça-feira (26).

“Apesar de o indulto ser ato discricionário e privativo do chefe do poder Executivo, a quem compete definir os requisitos e a extensão desse verdadeiro ato de clemência constitucional, a partir de critérios de conveniência e oportunidade, não constitui ato imune ao absoluto respeito à Constituição Federal”, escreveu Moraes em despacho na ação penal em que Silveira foi condenado.

“O Poder Judiciário tem o dever de analisar se as normas contidas no decreto de indulto, no exercício do caráter discricionário do presidente da República estão vinculadas ao império constitucional”, reforçou.

O fato curioso é que as alegações do ministro colocam em questão afirmações feitas, noutras ocasiões, pelo próprio Alexandre de Moraes e reforçadas por Luís Roberto Barroso, acerca do mesmo dispositivo reservado ao chefe do poder executivo.

Num julgamento de 2019, quando o STF validou o decreto de indulto de Natal assinado, em 2017, pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), Alexandre de Moraes argumentou que o perdão jurídico é um “ato privativo do presidente da república”. “Podemos gostar ou não gostar”, disse o magistrado, “assim como vários parlamentares também não gostam muito quando o Supremo declara a inconstitucionalidade, de leis ou atos normativos”, afirmou. Na mesma auduência, o ministro afirmou que “o ato de clemência constitucional não desrespeita a separação dos Poderes” e que “não é uma ilícita ingerência do Executivo”.

Quem também defendeu o dispositivo legal, noutra ocasião, foi o também ministro da Suprema Luís Roberto Barroso, que recentemente acusou os militares de terem sido orientados a atacar o sistema eleitoral brasileiro. Em 2021, Barroso escreveu em seu perfil no Twitter que “quem concede indulto é o presidente da república. O judiciário apenas aplica o decreto presidência”.

Trechos do vídeo da defesa de Alexandre de Moares em julgamento no ano de 2019.
Postagem de Luís Roberto Barroso, em seu perfil no Twitter, no ano de 2021.

Redação Papo Aberto

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