“Quando se utiliza um procedimento, seja das fake news ou das milícias digitais, como um possível guarda-chuva, em que cabem toda e qualquer investigação, um exemplo ruim é que as autoridades de mais baixa hierarquia entendam isso como certo”
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes usou o inquérito das milícias digitais para investigar suspeitas de um esquema para fraudar cartões de vacinação, entre eles o do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), Renato Vieira, a falta de conexão entre os casos pode acabar derrubando a investigação, informou O Antagonista.
“Me parece que a matéria em exame ali não seja de milícias digitais, então eu vejo como um aparente problema a manutenção desse caso perante o Supremo”, disse Vieira em entrevista à Folha de S.Paulo.
Segundo o presidente da IBCCrim, “quando se utiliza um procedimento, seja das fake news ou das milícias digitais, como um possível guarda-chuva, em que cabem toda e qualquer investigação, um exemplo ruim é que as autoridades de mais baixa hierarquia entendam isso como certo”. Para ele, “são exemplos de investigações que não se sabe como e quando serão concluídas. Uma investigação que se torna tentacular começa a abranger um número tal de pessoas que ela acaba não tendo mais um foco específico e, portanto, a confiança no próprio sistema acaba sendo diminuída”.