“Me parece oportuno, presidente Lula, ir às ações, revisar as ações. Tomar o caminho que começamos em tantas coisas e voltar atrás nos caminhos que foram equivocados”
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, afirmou nesta segunda-feira que ficou surpreso ao ouvir que as acusações de que há uma ditadura na Venezuela eram “narrativas”. Em suas críticas indiretas, o mandatário não citou em seu discurso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesta segunda-feira chamou de “narrativa” as acusações contra o regime venezuelano ao fazer um pronunciamento ao lado do líder chavista, Nicolás Maduro em Brasília, informou O Globo.
“Fiquei surpreso quando se disse que o que se passou na Venezuela é uma narrativa. Vocês sabem o que pensamos a respeito da Venezuela, do governo da Venezuela”, afirmou Lacalle Pou.
O presidente uruguaio deu as declarações durante reunião fechada na cúpula de presidentes sul-americanos, organizada por Lula no Palácio do Itamaraty. Na véspera, Lula fez declarações polêmicas defendendo o regime de Maduro das acusações de autoritarismo e acusando os EUA pela situação de penúria no país vizinho, responsabilizando o bloqueio econômico exercido por Washington contra a Venezuela.
“Todos já sabem o que pensamos a respeito da Venezuela e ao governo da Venezuela. Agora, se há tantos grupos no mundo que estão tratando de mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que se respeitem os direitos humanos, para que não hajam presos políticos, o pior que se pode fazer é tapar o sol com um dedo”, afirmou o presidente uruguaio.
“O Maduro sabe a narrativa que construíram contra a Venezuela durante tanto tempo, essa narrativa durante muitos anos o [assessor especial da Presidência e ex-chanceler] Celso Amorim andava pelo mundo explicando que não era do jeito que as pessoas diziam que era”, afirmou Lula nesta segunda-feira, ao lado do venezuelano, defendendo que o país construa sua própria “narrativa”.
Na sequência, o presidente uruguaio afirmou que é preciso “parar essa tendência” de criação de organizações.
“Acho que temos que parar essa tendência à criação de organizações. Vamos às ações. O presidente Boric (Chile), entre outros, levantou pontos pontuais, como no caso de catástrofes e outras coisas. O mesmo fez o presidente Lasso. Me parece oportuno, presidente Lula, ir às ações, revisar as ações. Tomar o caminho que começamos em tantas coisas e voltar atrás nos caminhos que foram equivocados”, afirmou.