O receio de aliados do petista é que, dependendo do que o governo ceder, isso irá significar o fortalecimento excessivo de Lira, o que pode deixar o governo sempre em suas mãos
Quase seis meses após tomar posse, o presidente Lula (PT), assistiu nos últimos dias à demonstração mais contundente de insatisfação da Câmara dos Deputados com o governo e correu o risco de ver boa parte do desenho que fez para os seus ministérios ser apagado.
Segundo o Folhapress, a medida provisória que reestrutura o governo federal foi aprovada na noite de quarta-feira, 31 de maio, após ameaça dos deputados de derrotarem a MP diante da insatisfação generalizada com a articulação política do Planalto.
Na avaliação de parlamentares ouvidos pela reportagem, esse momento pode ter representado um divisor de águas na relação do governo com a Câmara.
Os próximos passos, segundo deputados e integrantes do governo, definirão a relação que Lula terá com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
O Palácio do Planalto sabe que hoje não tem votos suficientes para aprovar medidas de interesse sem a influência do presidente da Câmara.
Segundo Lira e o próprio Lula, o Planalto tem asseguradas cerca de 130 de 513 cadeiras no plenário –embora a base com partidos que integram o governo seja maior.
Embora aliados de Lira tenham agido em consonância com ele, deputados da base avaliam que o governo errou ao não ter enfrentado de forma mais veemente o presidente da Câmara, apostando que a Casa jamais derrubaria a MP. Havia a avaliação de que isso impactaria negativamente a imagem do Legislativo.
O receio de aliados do petista é que, dependendo do que o governo ceder, isso irá significar o fortalecimento excessivo de Lira, o que pode deixar o governo sempre em suas mãos.