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Dilma acusa EUA de impedir novas potências e usar dólar como “arma” geopolítica

Segundo ela, antes o país norte-americano atuou contra o Japão e, agora, atua contra China

Foto: Reprodução

A presidente do Banco dos Brics,Dilma Rousseff, acusou os Estados Unidos de usarem dólar como uma“arma”geopolítica. A petista falou que países em desenvolvimento foram afetados desproporcionalmente com a desvalorização cambial.

“No contexto de conflitos geopolíticos, o dólar tem sido usado como arma de sanções, elevando os preços de energia e alimentos e interrompendo ainda mais as cadeias de suprimentos”, declarou Rousseff no11º Fórum Mundial da Paz, na Universidade Tsinghua, em Pequim, no domingo, 2.

Segundo o Poder 360, na avaliação da ex-presidente, os EUA adotaram uma política de contenção para impedir a ascensão de novas potência econômicas. Segundo ela, antes o país norte-americano atuou contra o Japão e, agora, atua contra China. Mas, disse ser difícil que os EUA“contenham a China[como foi feito]com Japão”.

Dilma afirmou que a presença do dólar, como uma das únicas moedas internacionais, trouxe vantagens para os EUA. Ela cita, por exemplo, que as empresas norte-americanas estão“protegidas”de riscos cambiais, enquanto outras companhias não.

“O fato de o mundo ter aceitado por muitas décadas a existência de uma única moeda de reserva internacional deu origem a um sistema financeiro assimétrico que, como sempre, gera maiores vantagens para o país que emitir essa moeda”, afirmou a presidente do Banco dos Brics

Apesar das críticas ao dólar, Dilma disse ser improvável o surgimento de outra moeda hegemônica como a norte-americana. Defendeu o estabelecimento de um sistema monetário mais diversificado, com a inclusão de países emergentes.

“A crescente participação no comércio global e nas transações do mercado de capitais envolvendo economias emergentes sugere que o domínio do dólar diminuirá ainda mais, tornando o sistema monetário global mais diversificado e multipolar”, afirmou.

Ayuan, moeda da China, tem assumido o protagonismo nas negociações internacionais.Em 2 de julho, foi anunciado que a Argentina aceitou pagar parte de sua dívida com FMI (Fundo Monetário Internacional), com a moeda chinesa. As informações foram publicadas peloGlobal Times. Em 3 de julho, a agência de notíciasReuterstambém noticiou que refinarias da Índia poderão pagar importações de petróleo russo com a cifra chinesa.

O governo brasileirodefende o uso de uma moeda de referência comumpara transações internacionais entre os países do Mercosul. Na prática, a medida visa desvincular as exportações e importações da variação cambial do dólar. De acordo com o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva (PT), a medida poderá reduzir custos.

“A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda mais a convergência. Falo de moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, disse o presidente nessa terça-feira, 5, em discurso na 62ª Cúpula do Mercosul, realizada em Puerto Iguazú, na Argentina.

Aline Coelho

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