”É uma pena que são negros que ainda não têm consciência do que esse país passa”, enfatizou Rubem durante discurso na CCJ
Durante reunião realizada na última quinta-feira, 31, na sala das comissões na Assembleia Legislativa de Goiás, os deputados membros da CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Redação) aprovaram o voto em separado do deputado Fred Rodrigues (DC), pela rejeição do processo Nº 654/23, de autoria da deputada Bia de Lima (PT). A matéria institui o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, como feriado estadual em Goiás. O voto do relator, deputado Talles Barreto (UB), foi pela aprovação. Votaram contra o parecer de Fred Rodrigues, os deputados: Mauro Rubem (PT), José Machado (PSDB) e Vivian Naves (PP).
Ainda em votação na CCJ, outro projeto de autoria da deputada Bia de Lima, processo Nº 321/23, que visa dispor de política de incentivo à iniciação de pesquisa científica, estudos nas escolas públicas de educação básica na rede estadual de ensino de Goiás. O relator deputado Cristiano Galindo (SD), apresentou parecer favorável, mas à comissão aprovou voto em separado do deputado Coronel Adailton (SD), acatando a emenda apresentada em Plenário, favorável ao relatório.
Em seu discurso durante a CCJ, Rodrigues pontuou que era preciso destacar a questão de Rubem afirmar de haver alguma conspiração contra a consciência negra e o racismo.
“Deputado Mauro Rubem, a pessoa que fez o voto em separado, que eu teria feito igual se eu tivesse feito acesso, é esse cara aqui, esse é o deputado Cristiano Galindo. Ele é negro, você viu, né? E a outra emenda, e o voto separado mantendo o voto, foi feito pelo nosso querido deputado Coronel Adailton. Então, assim, essa manipulação que o senhor está se colocando aí, com uma autoridade de dona da consciência negra, não está colando aqui, não. Eu acho que a gente tem que mudar, o jogo não é por aí, não é tentar constranger as pessoas, principalmente deputados negros que não estão comprando o que vocês estão vendendo”, afirmou Fred Rodrigues.
O parlamentar ainda destacou que o projeto causa uma segregação e não beneficia os homens, pois só trata de mulheres negras nas universidades.
Em resposta, Mauro Rubem insinuou que o deputado Coronel Adailton e Cristiano Galindo, não tem consciência negra.
“O que o deputado Fred falou sobre os dois relatores finais, tanto o coronel Adailton e também o Cristiano, é uma pena que são negros que ainda não têm consciência do que esse país passa, e nós esperamos que nesse debate aqui, poder principalmente fazer com que os negros, as negras e também nós, brancos, temos consciência de que tem racismo”, afirmou Rubem. Ele ainda ressaltou que o racismo é tão grande que as pessoas não conseguem ver que são negras.
“Esse racismo é de tamanho, que as pessoas olham no espelho e não conseguem ver, né? Acha que é loirão lá do sul. Mas esse debate a gente vai fazendo, sabe?”, enfatizou o petista Mauro Rubem.
Veja o que diz no projeto de lei do art. 6º apresentado pela deputada Bia de Lima.
§ 4° O Poder Executivo Estadual adotará como diretriz a busca por estratégias para incentivar a participação das mulheres e mulheres negras matriculadas na educação básica nos grupos de iniciação na pesquisa científica e estudos.
A equipe do Papo Aberto entrou em contato com os deputados citados – Coronel Adailton e Cristiano Galindo – porém até a publicação da matéria, não obtivemos resposta. O espaço segue aberto.