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The Economist destaca força do agro no Brasil e compara Centro-Oeste com Texas

O entendimento do artigo é que a agricultura, que foi o motor da economia brasileira no século XIX, está retomando sua posição de destaque

Foto: Reprodução

O avanço significativo do setor agropecuário ao longo das últimas duas décadas está alterando o cenário político e econômico do Brasil, direcionando-o para o interior do país, sobretudo na região Centro-Oeste, de acordo com um artigo da revista The Economist. Essa região está sendo comparada à versão brasileira do Texas, um estado americano conhecido por sua ênfase na agricultura.

Segundo 55 Invest, a revista aponta que sete das dez cidades que mais cresceram nos últimos 12 anos estão situadas na faixa geográfica onde o agronegócio tem grande presença, abrangendo o Centro-Oeste e o Sul do país.

O crescimento populacional na região central do Brasil tem se mantido em uma média de 1,2% ao ano, mais que o dobro da taxa nacional. Mesmo ao analisarmos os dados referentes a São Paulo, que é o principal motor econômico do país e da região Sudeste, também notamos um aumento mais expressivo na população em áreas voltadas para a atividade agrícola.

Por décadas, o Brasil experimentou um crescimento impulsionado por movimentos migratórios, nos quais pessoas de regiões economicamente menos favorecidas do Nordeste buscavam oportunidades em locais como São Paulo. Contudo, esse padrão está mudando, com imigrantes agora direcionando seus esforços para o interior do país. Isso reflete a mudança de perspectiva, onde um emprego na indústria já não é mais visto como a garantia de uma vida melhor, conforme apontado por Carlos Vian, professor da Esalq/USP, em entrevista à The

Essa mudança não é aleatória. A importância da indústria na economia brasileira diminuiu consideravelmente, caindo de 30% para 10% do PIB desde os anos 1980, devido à estagnação ou redução geral das atividades industriais, conforme destacado no artigo.

O entendimento do artigo é que a agricultura, que foi o motor da economia brasileira no século XIX, está retomando sua posição de destaque. Além das commodities tradicionais, como café e açúcar, outros produtos agrícolas ganharam relevância, incluindo soja, grãos e a criação de gado para atender à demanda da indústria de proteína animal, impulsionada principalmente pelo mercado chinês desde o início dos anos 2000.

Hoje, o setor agropecuário responde por 40% das exportações brasileiras e representa 25% do PIB do país. No estado do Mato Grosso, considerado o epicentro da produção de soja, a economia cresceu a uma taxa impressionante de 4,7% ao ano entre 2002 e 2020, a mais alta do país, como destacado pela The Economist.

Outro aspecto destacado pelo Censo é o crescimento populacional nas cidades de médio porte, impulsionado pela expansão do agronegócio. Um exemplo mencionado é Sinop, localizada no estado do Mato Grosso, onde a população cresceu impressionantes 73% em 12 anos, chegando a 200 mil habitantes. Nesse contexto, a agricultura se fortaleceu após a Embrapa desenvolver uma variedade de soja adaptada ao solo da região.

A The Economist entrevistou um fazendeiro local chamado Juliano Antoniolli, filho de um dos fundadores da cidade. Atualmente, ele possui uma propriedade com quatro mil cabeças de gado e campos de milho distribuídos em uma área de 2.400 hectares, operando com alta tecnologia em equipamentos, incluindo três estações de internet Starlink, da empresa de Elon Musk, para garantir conectividade.

A maior parte da produção de Juliano é destinada a uma grande empresa chinesa de alimentos, a Cofco. Com uma equipe de 12 funcionários permanentes (com contratações temporárias durante a colheita), o fazendeiro paga, em média, um salário de R$ 8 mil a cada um deles.

Sinop já está sendo apelidada de “Texas brasileira” e apresenta características que remetem ao estado americano, como um posto de gasolina chamado “Texas” e um açougue chamado “Super Beef”.

Aline Coelho

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