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‘O Canto do Cisne’ de Arthur Lira

Agora é esperar para saber qual grande feito o presidente Arthur Lira estaria preparando e como o Planalto irá reagir

Foto: Reprodução

A governabilidade de um presidente e a harmonia entre os poderes executivo e legislativo dependem muito da articulação política feita por ambos os lados. Ontem, essa relação acabou sendo abalada pelo governo quando o Ministro Alexandre Padilha, atual articulador do Executivo com o Congresso Nacional, tentou minimizar o presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), ao ter aprovado a manutenção da prisão de um colega deputado, suspeito de envolvimento com a morte da Vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro.

Num tom ameaçador, o presidente da casa acusou o ministro de estar espalhando mentiras a seu respeito e lembrou que são desafetos antigos. Publicamente, em entrevista coletiva, o chamou de incompetente. 

O presidente Lula reagiu quase que imediatamente; enquanto discursava, defendeu o ministro e disse que está no cargo porque é “competente”, sinalizando uma alfinetada a Lira. No mesmo viés, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saiu em defesa do ministro e também ressaltou sua competência.

No âmbito das articulações para manter a harmonia dos poderes, agora aumenta o abalo das relações. Vale ressaltar que o presidente do Congresso Nacional tem em mãos armas poderosas para fazer o chefe do Executivo recuar. 

Existe no campo político uma expressão que fala sobre “ser legal, mas não ser moral”, e nunca se vê com bons olhos ameaças ou desavenças no âmbito institucional. Certo é que o presidente da casa pode reagir e trancar pautas importantes para o governo, deixando o Planalto refém de seus viés, agora não mais ideológicos, mas institucionais.

A última vez que o país viu uma queda de braço assim foi no que chamamos de “Canto dos Cisnes” de Eduardo Cunha, quando era presidente do Congresso Nacional, tentando uma rachadinha com a Presidente Dilma para se livrar da cassação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Casa). 

Mesmo não atingindo seu objetivo, que era a absolvição, colocou em pauta o pedido de impeachment que culminou com a saída da presidente à época. Interlocutores que ouvi dentro do Congresso Nacional optaram por não falar abertamente sobre impeachment, mas sabe-se que Lira prepara um grande canto dos cisnes, uma vez que seu mandato está chegando ao fim, e, contra o gosto do Planalto, ele quer emplacar seu sucessor, o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA).

Agora é esperar para saber qual grande feito o presidente Arthur Lira estaria preparando e como o Planalto irá reagir, uma vez que houve o abalo nas relações institucionais entre Executivo e Legislativo.

Aline Coelho

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