Os juros futuros no Brasil subiram, com os agentes financeiros antecipando uma alta da taxa Selic em 2024
O real continuou a se desvalorizar em julho em relação às moedas de países desenvolvidos. Nesta segunda-feira (1º.jul.2024), o dólar subiu 1,15%, atingindo R$ 5,65, o maior valor desde 10 de janeiro de 2022, quando estava em R$ 5,67. O euro fechou o dia a R$ 6,07, com alta de 1,43%, o maior valor desde 26 de janeiro de 2022, quando estava a R$ 6,12.
A desvalorização do real foi agravada por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que afirmou que o próximo presidente do Banco Central (BC) “olhará para o Brasil do jeito que é e não do jeito que o mercado financeiro fala”.
Em 2024, o dólar subiu 16,5%, enquanto o euro aumentou 13,1%. Às 10h, antes da entrevista de Lula à Rádio Princesa, de Feira de Santana (BA), a moeda norte-americana estava a R$ 5,58 e atingiu R$ 5,60 às 13h30.
Os juros futuros no Brasil subiram, com os agentes financeiros antecipando uma alta da taxa Selic em 2024. O aumento do dólar influencia a inflação e, consequentemente, a política monetária do BC. Na quinta-feira (27.jun), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o aumento do juro base não é o cenário principal do Copom (Comitê de Política Monetária).
As mudanças na diretoria do Banco Central em janeiro de 2025 podem tornar a autoridade monetária mais tolerante com a inflação alta, aumentando a incerteza na política monetária. Além disso, Lula não tem um discurso claro sobre cortes de gastos públicos e defende o aumento de receitas como principal item do ajuste fiscal. Analistas do mercado financeiro avaliam que há resistência do governo em adotar medidas para equilibrar as contas públicas a longo prazo.
Externamente, os rendimentos dos Treasuries, títulos públicos dos Estados Unidos, aumentaram devido à reação do mercado financeiro às eleições presidenciais de novembro, que devem reeditar a disputa entre Joe Biden (democrata) e Donald Trump (republicano).