No contexto da controvérsia eleitoral na Venezuela, tanto o governo de Nicolás Maduro quanto a oposição, liderada por Edmundo González Urrutia, reivindicaram vitória na eleição de 28 de julho
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a enfatizar a necessidade de novas eleições na Venezuela, ao mesmo tempo em que criticou o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, por suas recentes atitudes hostis em relação ao Brasil. As declarações de Lula ocorreram durante uma reunião com líderes da Câmara, na noite da última segunda-feira, 27.
Durante o encontro, Lula leu para os deputados uma carta que escreveu em conjunto com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, abordando a situação na Venezuela. Na carta, ambos os líderes cobraram transparência nas eleições venezuelanas e a divulgação das atas eleitorais. O presidente brasileiro sugeriu que, se estivesse no lugar de Nicolás Maduro, convocaria novas eleições, destacando que o líder chavista ainda tem tempo para adotar essa medida.
Em relação a Daniel Ortega, Lula criticou a recente decisão da Nicarágua de expulsar o embaixador brasileiro, Breno Dias da Costa, por ele não ter comparecido às celebrações do 45º aniversário da Revolução Sandinista. Lula argumentou que a ausência de um embaixador em um evento não deveria ser motivo para retaliação diplomática. Ele comparou a situação a um hipotético cenário em que o Brasil expulsaria embaixadores estrangeiros que não comparecessem às celebrações do 7 de Setembro.
Daniel Ortega, anteriormente aliado de Lula, reagiu duramente às críticas do presidente brasileiro, classificando sua posição sobre as eleições na Venezuela como “vergonhosa”. Ortega acusou Lula de tentar se posicionar como “representante dos ianques (estadunidenses)” na América Latina. A declaração do líder nicaraguense foi feita durante uma videoconferência da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), um grupo de países que apoia o regime venezuelano.
No contexto da controvérsia eleitoral na Venezuela, tanto o governo de Nicolás Maduro quanto a oposição, liderada por Edmundo González Urrutia, reivindicaram vitória na eleição de 28 de julho. Nem o Brasil nem a Colômbia reconheceram oficialmente qualquer resultado e insistem na necessidade de uma maior transparência no processo eleitoral venezuelano.
Em declarações anteriores, Lula defendeu pela primeira vez publicamente a realização de novas eleições na Venezuela, uma proposta rejeitada tanto por Maduro quanto pela oposição. O presidente brasileiro descreveu a situação política venezuelana como “muito desagradável”, afirmando que, embora o país não seja uma ditadura, seu governo possui “viés autoritário”.