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Brasil registra aumento recorde de queimadas em meio à pior seca desde 1950

A seca atual é mais severa do que as de 1998 e 2015/2016, afetando 58% do território nacional

Foto: Reprodução

Entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2024, o Brasil registrou 127.051 focos de incêndio, de acordo com dados do BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse número é o maior desde 2010, quando 137.699 alertas de queimadas foram emitidos. Comparado ao mesmo período de 2023, houve um aumento alarmante de 94% nos focos de incêndio. No primeiro ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 65.395 focos foram identificados.

O aumento expressivo de queimadas está diretamente ligado à pior seca registrada no país desde o início da série histórica em 1950, segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). A seca atual é mais severa do que as de 1998 e 2015/2016, afetando 58% do território nacional.

Ana Paula Cunha, especialista em secas do Cemaden, explicou ao Poder360 que essa intensificação está associada a uma mudança nos padrões de aquecimento e resfriamento dos oceanos Pacífico e Atlântico Tropical. Além disso, o desmatamento e outras alterações no uso da terra têm modificado os padrões locais de chuva e temperatura. “Em anos de secas intensas e prolongadas, sempre observamos números elevados de queimadas. A seca facilita a propagação do fogo, que é muitas vezes utilizado como prática de manejo agrícola, uma prática cultural em várias regiões”, afirmou.

Desde 22 de agosto, o interior de São Paulo tem enfrentado uma série de incêndios, com cerca de 25 cidades afetadas. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que há fortes suspeitas de ação intencional, mas negou falhas do governo na prevenção. O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, afirmou que 99,9% dos incêndios no Estado foram causados por atividade humana.

Em Brasília, um incêndio atingiu a Floresta Nacional nesta semana, com autoridades do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) sugerindo uma possível origem criminosa. O Distrito Federal registrou, na terça-feira, 3, seu 133º dia consecutivo sem chuvas e a umidade mínima do ar caiu para 7% no Gama, marcando o dia mais seco da história, com temperaturas atingindo 33,7 ºC.

Aline Coelho

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