Segundo o presidente do Banco Central, a dificuldade das empresas em contratar levaria a aumentos salariais que, por sua vez, resultariam em pressão inflacionária
Nesta sexta-feira, 13, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante a inauguração do novo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí (RJ). O foco da discordância foi a visão de Campos Neto sobre o impacto do aumento do salário mínimo na inflação.
Lula contestou a ideia de que elevar o salário mínimo seja inflacionário, comparando com grandes salários e dividendos isentos de impostos. “Como é possível que alguém ganhe R$ 360 mil por mês, ou R$ 55 milhões, e isso não cause inflação? A Petrobras paga R$ 45 milhões em dividendos sem imposto de renda e nada acontece, mas aumentar o salário mínimo é inflacionário?”, questionou o presidente.
Em tom incisivo, Lula também criticou a formação acadêmica e as crenças de Campos Neto: “Eu me pergunto onde essas pessoas estudaram, qual é a formação delas, e em que Deus acreditam. Será que acreditam em Deus? Não dá para acreditar que alguém cristão seja tão insensível e desumano”, afirmou.
As críticas de Lula vêm após declarações anteriores de Campos Neto, que em abril deste ano argumentou que o pleno emprego no Brasil poderia ser prejudicial à economia. Segundo o presidente do Banco Central, a dificuldade das empresas em contratar levaria a aumentos salariais que, por sua vez, resultariam em pressão inflacionária.
“A preocupação surge quando as empresas não conseguem contratar e precisam subir salários. Se os salários aumentam sem um crescimento correspondente na produção, você está iniciando um processo inflacionário”, explicou Campos Neto na época.
A divergência entre o presidente e o chefe do Banco Central reforça o contraste de visões sobre economia e políticas de emprego no país.