A divergência entre os dados da Fazenda e do BC vem crescendo
No último sábado, 14, o Banco Central (BC) indicou que o déficit nas contas públicas do governo federal é R$ 40 bilhões superior ao divulgado pelo Ministério da Fazenda. A diferença reflete um descompasso crescente entre os dois órgãos, intensificado pela recente aprovação do projeto de desoneração da folha de pagamentos no Congresso.
O texto da desoneração, que aguarda a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclui uma medida que permite ao Tesouro Nacional contabilizar valores esquecidos em contas de instituições financeiras como receita primária. Esses recursos somariam R$ 8,6 bilhões, mas o BC não os considera em seu cálculo de resultado primário, que é o saldo entre receitas e despesas do governo, utilizado para avaliar a meta fiscal.
A divergência entre os dados da Fazenda e do BC vem crescendo. Em julho, o BC estimou um rombo R$ 39,7 bilhões maior que o calculado pela Fazenda, e quando ajustado pela inflação, essa diferença chega a R$ 41,1 bilhões. Segundo o economista-chefe da Tullett Prebon Brasil, Fernando Montero, esse é o maior descompasso registrado na história.
Especialistas alertam que essas divergências podem comprometer a transparência e a credibilidade das contas públicas, colocando em risco a confiança na gestão fiscal do país.
