As ações de Moraes se intensificaram após os ataques de 8 de janeiro, quando investigações começaram a apurar o papel de alguns deputados
Um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi protocolado no Senado na terça-feira, 10, por um grupo de 13 deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Todos esses parlamentares, que pertencem ao PL, estão envolvidos em investigações conduzidas pelo próprio Moraes no STF. Ao todo, 152 deputados da Câmara dos Deputados apoiaram o requerimento.
Entre os parlamentares visados por Moraes estão nomes de destaque da base bolsonarista, como Alexandre Ramagem (RJ), Carla Zambelli (SP), Eduardo Bolsonaro (SP), Bia Kicis (DF) e Marco Feliciano (SP). Além deles, outros deputados como André Fernandes (CE), Carlos Jordy (RJ), Zé Trovão (SC) e Luiz Phillipe de Órleans e Bragança (SP) também fazem parte do grupo que assina o documento. O jornal “O Estado de S. Paulo” buscou contato com os 13 deputados, sem obter resposta.
Um dos principais argumentos usados no pedido de impeachment é o uso, por parte do gabinete de Moraes, de informações obtidas diretamente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sem que fossem seguidos os procedimentos judiciais habituais. Em uma reportagem publicada pela “Folha de S.Paulo”, foi revelado que o ministro teria solicitado ao TSE dados para embasar decisões contra alguns desses deputados, entre eles Bia Kicis, Eduardo Bolsonaro e Marco Feliciano.
Conversas vazadas entre o juiz auxiliar de Moraes, Airton Vieira, e Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do TSE, mostraram uma orientação clara de Moraes para monitorar e coletar publicações de parlamentares bolsonaristas que estivessem espalhando desinformação ou atacando ministros do STF. A ordem visava impor multas e fortalecer o “inquérito das fake news” (INQ 4.781).
Alguns dos deputados envolvidos, como Luiz Phillipe de Órleans e Bragança, já são investigados por esse inquérito desde 2020, devido a publicações consideradas desinformativas sobre o TSE. Já outros cinco parlamentares — André Fernandes, Carlos Jordy, Eliézer Girão, Silvia Waiãpi e Zé Trovão — enfrentam investigações por participação em atos antidemocráticos.
As ações de Moraes se intensificaram após os ataques de 8 de janeiro, quando investigações começaram a apurar o papel de alguns deputados, incluindo Fernandes e Waiãpi, na incitação ao vandalismo. O ministro também autorizou, em janeiro deste ano, a Operação Lesa Pátria, que investiga o financiamento e organização dos atos golpistas. Carlos Jordy, que teve envolvimento suspeito em manifestações antidemocráticas no Rio de Janeiro, foi um dos alvos da operação.
Outros nomes como Alexandre Ramagem e Carla Zambelli também estão na mira do STF. Ramagem, que foi diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, é acusado de usar a agência para monitorar adversários políticos do ex-presidente. Já Zambelli é investigada tanto pela tentativa de golpe quanto por envolvimento na contratação do hacker Walter Delgatti Neto, responsável por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o intuito de desestabilizar o Judiciário.