Segundo Fernando Haddad, uma “pandemia de apostas online” se instalou no Brasil
Relatório do Banco Central (BC) aponta que beneficiários do Bolsa Família movimentaram aproximadamente R$ 3 bilhões em apostas online via Pix em agosto. O estudo, encomendado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), revelou que cerca de 5 milhões de pessoas, de um total de 20 milhões de beneficiários, utilizaram parte do benefício em casas de apostas, com média de gasto de R$ 100 por pessoa. Além disso, o documento aponta que 70% dos apostadores são chefes de família, que, sozinhos, contribuíram com R$ 2 bilhões do total.
Os dados refletem um cenário que pode ser ainda mais alarmante, já que o levantamento considera apenas transações realizadas via Pix, deixando de fora outros meios como cartões e transferências bancárias. Os valores apostados em plataformas como cassinos virtuais e eventos esportivos superam em dez vezes a arrecadação das loterias da Caixa Econômica Federal no mesmo período, que foi de R$ 1,9 bilhão.
Esse aumento significativo no volume de apostas preocupa o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Durante um evento em São Paulo, ele destacou o crescimento de 200% nas transferências via Pix para casas de apostas desde janeiro, triplicando os valores. Campos Neto manifestou receio sobre o impacto desse fenômeno nas finanças das famílias de baixa renda, prevendo uma possível elevação na inadimplência.
A situação levou o senador Omar Aziz a sugerir que a Procuradoria-Geral da República (PGR) busque retirar as páginas de apostas online do ar até que haja uma regulamentação efetiva no país. Na mesma linha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre a “pandemia de apostas online” que se instalou no Brasil, enfatizando a necessidade de regulamentar o setor para combater a dependência psicológica que esses jogos podem gerar.
Com o Bolsa Família tendo distribuído R$ 14,12 bilhões em agosto, o fato de uma parte significativa desse valor estar sendo destinado a apostas levanta questões sobre o impacto social e econômico desse comportamento, pressionando o governo a agir rapidamente para controlar essa prática.