O ministro também ressaltou a importância de uma fiscalização rigorosa por parte dos órgãos competentes para combater a lavagem de dinheiro
Durante um seminário sobre lavagem de dinheiro promovido pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja) nesta quarta-feira (6), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o Judiciário precisa fazer um mea-culpa sobre sua atuação no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Segundo ele, a Justiça criminal no Brasil ainda é estruturada para enfrentar crimes menores, mas enfrenta dificuldades no combate à criminalidade organizada, que possui abrangência intermunicipal, interestadual e até internacional.
“Vivemos ainda uma justiça criminal estruturada para pequenos crimes. É a justiça de comarca. O grosso da criminalidade é combatido pela justiça criminal estadual. O crime grave, a criminalidade organizada, não é do município,” disse Moraes, destacando a necessidade de adaptar a estrutura judicial à dimensão regional do crime organizado.
Moraes elogiou o Ministério Público por estar mais avançado no combate à criminalidade organizada com os Gaecos (Grupos de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), mas afirmou que ainda faltam mecanismos preventivos eficazes no Judiciário. “Houve grande evolução na legislação, mas a legislação é razoavelmente boa repressivamente, quando já se pegou o criminoso. No restante, infelizmente, falta muito para a prevenção,” avaliou.
O ministro também ressaltou a importância de uma fiscalização rigorosa por parte dos órgãos competentes para combater a lavagem de dinheiro. Em tom crítico, citou exemplos que poderiam ser investigados: “Em São Paulo, quem conhece a margem do Tietê, tem uma churrascaria rodízio atrás da outra. Nem que a cidade inteira quisesse comer carne no dia todo, aquilo ia dar lucro. Por que os órgãos administrativos não analisam?”.