Nos bastidores, o governo sugere que a revisão de programas seja permanente, incluindo benefícios que afetam setores mais ricos
Após três semanas de discussões intensas com ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda hesita sobre o pacote de cortes de gastos para equilibrar as contas públicas, segundo fontes próximas. Assessores descrevem o estado de ânimo de Lula como “angustiado”, pressionado pelo mercado e pelos desafios de mexer em áreas sensíveis, especialmente em benefícios sociais.
Lula reuniu-se recentemente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e titulares de pastas sociais, que resistem a cortes que afetem diretamente a população. Entre as áreas em análise estão Saúde, Educação, Previdência, Trabalho e Desenvolvimento Social. Recentemente, a Defesa e o sistema de proteção dos militares foram incluídos na lista, mas essa inclusão tem sido vista com desconfiança.
Para assessores de Lula, é crucial fortalecer a posição de Haddad, que se encontra isolado, enfrentando resistência dos outros ministérios. No Palácio do Planalto, a expectativa é de que o presidente busca um “ponto de equilíbrio” e considera dar mais tempo para que as tensões se acalmem.
Apesar das dificuldades, fontes próximas ao presidente afirmam que ele não se opõe aos cortes, mas deseja escolher onde eles terão impacto menor. Nos bastidores, o governo sugere que a revisão de programas seja permanente, incluindo benefícios que afetam setores mais ricos, como as desonerações para empresários e a tributação sobre heranças e grandes fortunas, para tornar o ajuste fiscal mais abrangente e justo.