A declaração do G20, composta por 24 páginas e 85 tópicos, aborda questões globais urgentes
O documento divulgado nesta segunda-feira, 18, pelo G20 expõe a preocupação com a grave crise humanitária em Gaza, os impactos da guerra na Ucrânia, e enfatiza a importância de ações mais eficazes para combater as mudanças climáticas e garantir a taxação de indivíduos de patrimônio ultra-alto.
A declaração do G20, composta por 24 páginas e 85 tópicos, aborda questões globais urgentes, destacando a necessidade de expandir a ajuda humanitária em Gaza, de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, e apoiar um cessar-fogo também no Líbano. “Comprometemo-nos a avançar em um mundo livre de armas nucleares e mais seguro para todos”, diz o texto. Além disso, reforça a importância de uma solução de dois Estados para a região, onde israelenses e palestinos convivam pacificamente.
No que diz respeito à taxação de super-ricos, o documento propõe o intercâmbio de boas práticas entre os países para garantir que indivíduos de alta renda sejam mais bem tributados. A declaração também discute como reduzir as desigualdades sociais e combater a fome e a pobreza, áreas em que o impacto da pandemia de COVID-19 foi devastador. “É imperativo que aqueles que mais precisam recebam maior apoio”, afirma o texto.
Em relação às mudanças climáticas, o G20 reafirma seu compromisso com o Acordo de Paris, com metas de limitar o aumento da temperatura global a 2ºC, buscando esforços para não ultrapassar 1,5ºC, embora a comunidade científica questione se esse patamar já foi ultrapassado. A declaração também menciona esforços para aumentar a energia renovável e reduzir subsídios a combustíveis fósseis, mas sem garantir recursos concretos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
A inteligência artificial também foi tema central, com o G20 defendendo a regulamentação do uso da IA para proteger os direitos humanos e reduzir as divisões digitais de gênero até 2030. “Nós concordamos em defender a IA responsável para melhorar os resultados da educação e saúde”, destaca o documento.
Embora a defesa do multilateralismo seja central na declaração, com a promoção das instituições das Nações Unidas, a resistência de alguns líderes, como o presidente argentino Javier Milei, ficou evidente. Milei, embora tenha sinalizado que não vetaria o documento, expressou discordância em relação a pontos específicos, como a preservação da soberania nacional frente às instituições multilaterais. O Brasil, que priorizou o tema das instituições multilaterais, conseguiu um consenso final, apesar das tensões.
O G20 também reiterou a necessidade de ampliar a representação no Conselho de Segurança da ONU, defendendo mais cadeiras para a América Latina, África e países da Ásia-Pacífico. “Os desafios globais só serão superados por soluções multilaterais”, conclui a declaração.