O Banco Central injetou US$ 10,745 bilhões (cerca de R$ 66,19 bilhões) no mercado desde quinta-feira, 12, com três leilões de linha (US$ 7 bilhões) e outros três leilões à vista (US$ 3,745 bilhões)
Nesta terça-feira, 17, o Banco Central (BC) voltou a intervir no mercado cambial diante da escalada do dólar, mas a medida não conteve a alta da moeda norte-americana. Durante a manhã, o BC realizou um leilão de dólares à vista, porém a cotação seguiu subindo. Às 10h22, o dólar avançava 1,27%, atingindo R$ 6,1709, e, pouco depois, às 12h01, alcançou R$ 6,2008, registrando alta de 1,72%.
As intervenções têm como objetivo conter o avanço da moeda, que disparou após o governo apresentar, em 27 de novembro, um pacote de cortes de gastos públicos. As medidas foram consideradas insuficientes pelo mercado para conter o déficit fiscal. Desde então, o dólar saltou de R$ 5,80 para R$ 6,09 na segunda-feira, 16, acumulando desvalorização do real de mais de 26% em um ano.
O Banco Central injetou US$ 10,745 bilhões (cerca de R$ 66,19 bilhões) no mercado desde quinta-feira, 12, com três leilões de linha (US$ 7 bilhões) e outros três leilões à vista (US$ 3,745 bilhões). Trata-se da maior frequência de intervenções desde dezembro de 2021, quando o BC realizou nove operações para conter o câmbio, enquanto o dólar oscilava em torno de R$ 5,70.
Investidores têm optado pelo dólar devido à falta de confiança no pacote econômico. A proposta do governo prevê economia de R$ 327 bilhões em cinco anos, com medidas como a limitação do reajuste do salário mínimo, mudanças no abono salarial e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), combate aos supersalários e ajustes na previdência militar. Contudo, o mercado teme que o plano seja enfraquecido durante a tramitação no Congresso.
Na segunda-feira, o Boletim Focus reforçou a deterioração das expectativas de inflação, mesmo com o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizando possíveis aumentos de 1 ponto percentual na taxa Selic. A percepção piorou após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar publicamente a alta dos juros em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ampliando o sentimento de desconfiança entre investidores.