A proposta gerou forte reação negativa nas redes sociais
Uma nova controvérsia atingiu o governo nesta quarta-feira, 22, após a divulgação de uma proposta para alterar o formato de indicação da validade de alimentos no Brasil. A sugestão, apresentada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), propunha substituir o termo “válido até” por “de preferência antes de”, alinhando o padrão nacional ao modelo usado em países como Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Canadá.
A proposta gerou forte reação negativa nas redes sociais, com críticas apontando que a mudança incentivaria o consumo de alimentos vencidos. Comentários como “querem fazer pobre comer comida velha” circularam amplamente, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou: “A picanha não veio e, se vier, será podre”.
Diante da repercussão, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, descartou a possibilidade de adoção da medida. “Essa não é a cultura do Brasil, não é a prática do Brasil, então não vejo nenhuma possibilidade dessa sugestão específica ser adotada”, declarou. Ele também mencionou que a proposta incluía relatos sobre práticas internacionais, como a venda de alimentos vencidos em prateleiras ou supermercados específicos, mas reforçou que isso não se aplica ao contexto brasileiro.
O conceito defendido pela Abras, conhecido como “best before” (“melhor antes”, em tradução literal), destaca que a data de validade expirada não significa necessariamente que o alimento está impróprio para consumo. A associação argumenta que, nesses casos, a qualidade do produto seria avaliada sensorialmente pelo consumidor. Ainda assim, a ideia foi rejeitada, mantendo o modelo atual.
Essa é a segunda vez que o governo recua diante de críticas intensas. Recentemente, a revogação de uma instrução normativa da Receita Federal sobre monitoramento de transações financeiras também ocorreu após pressão popular nas redes sociais.