O presidente destacou que o direito de defesa está garantido a todos os investigados, em contraste com o que ele próprio viveu durante sua condenação e prisão no âmbito da Operação Lava Jato
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou, nesta quarta-feira, 5, a possibilidade de anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados investigados por um suposto plano de golpe de Estado. Em entrevista concedida a rádios mineiras, Lula foi categórico ao afirmar que “quem tentou dar um golpe de Estado no Brasil não merece absolvição”.
Lula questionou o fato de defensores do ex-presidente pedirem anistia antes mesmo do término dos processos judiciais: “As pessoas são muito interessantes. Nem terminou o processo e já querem anistia, ou seja, não acreditam que são inocentes? Deveriam acreditar que são inocentes e não pedir anistia antes do juiz determinar se vai ter punição.”
O presidente destacou que o direito de defesa está garantido a todos os investigados, em contraste com o que ele próprio viveu durante sua condenação e prisão no âmbito da Operação Lava Jato: “Haverá o direito de defesa que nunca houve para mim. Para ele [Bolsonaro] vai ter.”
Lula também fez uma comparação histórica, mencionando militantes do Partido Comunista que foram mortos durante a ditadura militar (1964-1985): “Quem vai decidir o processo é a Justiça. Eu acho que quem tentou dar um golpe, quem articulou inclusive a morte do presidente, do vice-presidente e do presidente do Tribunal Eleitoral, não merece absolvição. Eu acho. Por menos do que eles fizeram, muita gente no Partido Comunista foi morta.”
O debate sobre anistia ganhou força com a defesa de Bolsonaro buscando alternativas jurídicas para evitar possíveis condenações relacionadas aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O ex-presidente e seus aliados são investigados por suposta participação em articulações para desestabilizar o governo eleito e atacar as instituições democráticas.
As declarações de Lula acontecem em um momento de crescente polarização, com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avançando em processos contra figuras-chave do bolsonarismo. O tema promete ser central no cenário político até as eleições de 2026.