Os defensores da aliança com Lula argumentam que ele é a única alternativa viável contra a ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) enfrenta uma disputa interna acirrada sobre seu posicionamento em relação ao governo Lula (PT), gerando troca de ofensas entre seus parlamentares. Segundo reportagem do UOL, discussões nos bastidores chegaram a incluir termos como “mentiroso”, “imaturo” e “palhaço” para descrever adversários dentro da legenda.
A cisão no partido se intensificou desde a entrada do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), em 2018. Atualmente, a sigla se divide entre uma ala majoritária, liderada por Boulos e favorável ao apoio ao governo, e uma ala minoritária, representada por Glauber Braga (RJ) e Sâmia Bomfim (SP), que critica o alinhamento com o Planalto.
Os defensores da aliança com Lula argumentam que ele é a única alternativa viável contra a ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também acusam seus opositores internos de agir como um diretório estudantil, insistindo em debates restritos à militância em vez de enfrentar o que chamam de “inimigos reais”.
Já o grupo minoritário denuncia que o PSOL perdeu sua identidade ao apoiar pautas do governo, especialmente na área econômica. Para eles, o partido normalizou decisões que deveriam ser rechaçadas. “Em vez de ser decisão pontual, o PSOL se abstém de suas lutas porque está engolido pelo abraço da esquerda com a direita liberal”, criticou Glauber Braga.
Os conflitos dentro da bancada têm se manifestado de forma intensa. Glauber tem sido descrito como alguém que perde o controle em reuniões, grita e bate na mesa, enquanto ele e seus aliados são comparados a “crianças mimadas e birrentas” pelos integrantes da ala majoritária. A divisão se agravou após o fraco desempenho do PSOL nas eleições municipais, quando a legenda perdeu todas as cinco prefeituras conquistadas em 2020.
As tensões não são novidade. Em 2009, um embate semelhante culminou em cenas de violência durante uma convenção do partido. O ressentimento daquele período parece ter ressurgido agora.
Recentemente, um episódio evidenciou a ruptura. Durante a coletiva sobre o projeto da deputada Erika Hilton (SP) pelo fim da escala 6×1 no mercado de trabalho, Glauber Braga, Sâmia Bomfim e Fernanda Melchionna (RS), todos da ala minoritária, não compareceram. Embora alguns parlamentares tenham alegado coincidência, o fato foi interpretado como mais um reflexo da crise interna no PSOL.