A manifestação reforçou o pedido por alternativas como feiras noturnas ou de madrugada, e foi marcada por críticas à falta de disposição da gestão municipal para negociar

Entre 500 e 600 trabalhadores informais tomaram a frente da Câmara Municipal de Goiânia na manhã do dia 8 de abril, em mais um ato contra a repressão da Prefeitura à atividade dos ambulantes da região da Rua 44. Com faixas, gritos de protesto e apelos por diálogo, o movimento cobrou a retomada das autorizações de trabalho, suspensas após a adoção da política de “tolerância zero” pelo prefeito Sandro Mabel (UB).
A manifestação reforçou o pedido por alternativas como feiras noturnas ou de madrugada, e foi marcada por críticas à falta de disposição da gestão municipal para negociar. “Queremos regularização, mas precisamos trabalhar”, afirmou Ana Paula, vendedora de alimentos. Keila, que sustenta dois filhos com a venda de roupas, protestou: “O prefeito nega até o horário das 3h às 5h, que não atrapalha ninguém”.
Fabrício Rosa (PT), um dos principais defensores da causa, discursou durante o ato e denunciou o uso de violência pela Guarda Civil Metropolitana. “Se tiver gente quebrando a Câmara, não tem por que usar gás, nem bala de borracha. Isso não é para o trabalhador”, declarou. O vereador ainda lembrou o caso de duas crianças feridas no último fim de semana, durante confronto entre GCM e ambulantes. “Toda a violência da Guarda será denunciada na corregedoria, no Ministério Público e nos órgãos federais”, garantiu.
Rosa também apresentou um projeto de lei para autorizar o trabalho informal em horários alternativos e pediu apoio dos parlamentares. “Precisamos de 19 votos para aprovar. Já temos 12 na Comissão dos Ambulantes”, afirmou. Ao lado dele, o articulador André Cavalcante destacou a união entre os camelôs, organizados por segmentos como vestuário, alimentação e acessórios, e reforçou o apelo ao Legislativo.
Enquanto o Paço insiste na justificativa de requalificação urbana e segurança pública, os trabalhadores denunciam exclusão. O prefeito Sandro Mabel, em reunião com vereadores, defendeu a retirada dos ambulantes, mas propôs medidas paliativas. Para muitos, como Fabrício dos Santos, que hoje vive de recolher latinhas, isso não é suficiente: “Não é vergonha, é sobrevivência”.