A Polícia Federal estima que os valores desviados cheguem a R$ 6,3 bilhões

Um esquema bilionário de descontos indevidos em benefícios do INSS levou ao afastamento do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, nesta quarta-feira, 23, por decisão da Justiça. A ação é parte da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), e revelou um esquema nacional envolvendo cobranças não autorizadas em aposentadorias e pensões.
A Polícia Federal estima que os valores desviados cheguem a R$ 6,3 bilhões. Em reunião no Palácio da Alvorada, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, comunicou pessoalmente os desdobramentos da operação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a corporação, a fraude consistia na aplicação de descontos associativos irregulares diretamente nos benefícios previdenciários, atingindo principalmente aposentados e pensionistas.
Durante a operação, foram cumpridos 211 mandados judiciais de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e ordens de sequestro de bens no valor de R$ 1 bilhão. Cerca de 700 agentes federais e 80 servidores da CGU participaram da ação, que ocorreu simultaneamente no Distrito Federal e em 14 estados.
Além de Stefanutto, outros cinco servidores públicos também foram afastados de suas funções. “As investigações identificaram a existência de irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios previdenciários”, declarou a PF em nota oficial.
Os suspeitos podem responder por crimes como corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, violação de sigilo funcional, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As autoridades ainda apuram o possível envolvimento de entidades que se apresentavam como associações de aposentados, mas atuavam para desviar recursos de beneficiários do sistema previdenciário federal.