A recepcionista que buscava reconhecimento judicial de vínculo materno com um bebê reborn decidiu encerrar a ação na Justiça após ser alvo de ataques nas redes sociais. A polêmica mobilizou a opinião pública e gerou consequências psicológicas e sociais consideradas irreversíveis, segundo a defesa da trabalhadora

A desistência foi oficializada nesta quinta-feira, 29, por meio de petição protocolada na Justiça do Trabalho da Bahia. A advogada responsável pelo caso alegou que ela e sua cliente foram vítimas de intenso discurso de ódio virtual, revelando que apenas nos primeiros 45 minutos após a divulgação do processo, mais de 250 pessoas tentaram contato por meio do Instagram. “Transformaram nossa vida em um verdadeiro inferno”, declarou a defesa.
O cenário, segundo a petição, extrapolou o ambiente digital. Pessoas chegaram a comparecer à residência da funcionária às 5h da manhã “em busca de maiores esclarecimentos sobre o tema”. Diante dos ataques, a profissional se viu obrigada a desativar suas redes sociais, descrevendo a situação como “um verdadeiro caos”.
A ação havia sido iniciada na terça-feira, 27, e incluía um pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho, indenização por danos morais, salário-família e licença-maternidade de 120 dias. Funcionária de uma empresa do setor imobiliário desde 2020, ela alegava manter um forte vínculo afetivo com a boneca, que tratava como filha.
Segundo a petição inicial, a boneca seria “fruto da mesma entrega emocional, do mesmo investimento psíquico e do mesmo comprometimento afetivo que toda maternidade envolve”. A empresa, no entanto, recusou a concessão da licença, o que motivou a tentativa de judicialização.
Com a retirada do processo, a recepcionista opta por preservar sua integridade emocional frente ao julgamento público, encerrando um episódio que escancarou os limites entre afeto, direitos trabalhistas e exposição nas redes.