Em abril deste ano, o ex-ministro já havia causado desconforto interno ao afirmar que “todo mundo fica indignado dentro do PT”

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, voltou a afirmar que a base de sustentação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é composta, majoritariamente, por forças políticas de centro-direita. A declaração foi dada nesta terça-feira (17), em entrevista à GloboNews, e reforça uma leitura que o petista já vem compartilhando nos últimos meses.
“Todos se lembram que eu disse que era um governo de base de centro-direita. É a realidade eleitoral”, afirmou Dirceu. Segundo ele, a esquerda brasileira perdeu força nas últimas eleições e foi praticamente impedida de atuar politicamente entre 2013 e 2019, período marcado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, pela prisão de Lula e pela ascensão de forças conservadoras.
“A direita veio em 2014, 2016, 2018, 2020 acumulando força, ocupando território”, observou.
Dirceu também destacou que a eleição de Lula, em 2022, só foi possível graças a uma frente ampla que uniu setores diversos da política, inclusive com a participação do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa petista.
“Eleger o Lula presidente era quase impossível, mas com a aliança com o Geraldo Alckmin e uma frente ampla foi possível. Mas nós sabemos que isso não significou uma vitória do PT, da esquerda, mas sim do antibolsonarismo”, avaliou.
Em abril deste ano, o ex-ministro já havia causado desconforto interno ao afirmar que “todo mundo fica indignado dentro do PT” quando ele diz que Lula montou um governo de centro-direita, mas reafirmou que essa seria a exigência do atual momento político. Para Dirceu, trata-se de um ajuste necessário diante da correlação de forças no Congresso e do cenário eleitoral do país.